segunda-feira, 23 de julho de 2012

1968 - Nas Olimpíadas, uma tcheca brilha mais do que todos os outros atletas!




O protesto dos americanos Tommi Smith e John Carlos ao receberem suas medalhas nas Olimpíadas de 1968 (sobre o qual falamos em post anterior) não foi  a única manifestação política que agitou os Jogos daquele ano mágico.

Também houve o caso da ginasta tcheca Vera Caslavska, que competiu em ginástica artística. Já famosa na época, Vera foi a atleta individual mais aplaudida dos Jogos do México.

A história dela é digna de 1968. Naquele ano, como se recorda, aconteceu a Primavera de Praga, uma tentativa do governo tcheco de implantar princípios democráticos no país, algo impensável para uma nação que era satélite da União Soviética. Em agosto de 1968, tropas soviéticas invadiram a Tchecoslováquia para reprimir à força dos tanques de guerra o movimento.

Dois meses antes, a já consagrada Vera assinou um documento favorável à rapida implantação da democracia em seu país. Resultado: com a invasão soviética, Vera Caslavska refugiou-se em região montanhosa da então Tchecoslovária e só recebeu permissão para participar das Olimpíadas a poucas semanas da abertura dos Jogos.

Desde de sua primeira participação naqueles jogos, Vera foi aplaudida, e não só por seu desempenho esportivo. Ela conquistou todas as seis medalhas que disputou, das quais quadro de ouro.  O público foi ao delírio e aplaudia de pé cada uma das performances de Vera.

A apoteose parecia não ter fim. Pouco depois dos Jogos, Vera casou-se com o também atleta tcheco Josef Odolzil, na Catedral da Cidade do México, em cerimônia à qual compareceram milhares de pessoas.

Foi  a última participação dela em Olimpíadas. Na volta do México, a dura realidade de seu país: ela foi proibida de viajar e de participar de competições esportivas. Mais ainda, a publicação de sua autobiografia foi proibida.

Vera Caslavska só voltou a ter destaque com a queda do império soviético, a partir de 1989. Passou a fazer parte do Hall da Fama Internacional Esportivo Feminino. Mas depois a voltou a viver reclusa, em Praga.

Seu nome e sua figura, no entanto, permaneceram como símbolo da luta pela liberdade. Foi mais um legado daquele ano de 1968, em que nem as Olimpíadas foram iguais às outras.



Vera recebe medalha como primeira
colocada em torneio europeu em 1967

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