O casal Gudrun Ensslin e Andreas Baader |
A noite de 3 de abril de 1968 teve duas ocorrências policiais na Alemanha que não mereceram grande atenção, mas que se transformaram em um marco de uma onda de violência que assustou o país e o mundo. Foram dois incêndios que aconteceram em Frankfurt, uma das principais cidades do país. Os incêndios não deixaram feridos, mas sobraram rastros que mostraram o que ninguém queria: foram atentados terroristas, os primeiros de uma onda que nos anos seguintes parecia não ter fim.
No rastro dos incêndios ficaram quatro garrafas plásticas com líquido inflamado, um despertador e pilhas -- indícios mais do que claros de que haviam acontecido atentados, não incêndios ocasionais.
A policia alemã iniciou suas investigações e prendeu duas pessoas alguns dias depois: o casal Andreas Baader e Gudrun Ensslin. Começava a se revelar um dos grupos mais radicais de protesto que já passaram pelo país. Ulrike Meinhof, que depois passou a fazer parte do grupo que fez mais e mais atentados, defendeu os ataques em artigo publicado na imprensa. Pronto: o grupo mostrava sua ousadia e disposição para manter os ataques, sob a justificativa de que seria uma espécie de "compensação" pela violência que ocorria em outros países, como os choques causados pelo "apartheid" que então predominava na África do Sul, além, é claro, da guerra do Vietnã, alvo de protestos em todo o mundo (principalmente nos próprios Estados Unidos).
Os atentados continuaram e o julgamento do casal "incendiário" foi acompanhado com grande interesse pela mídia. Ao se defender no tribunal, Gudrun Ensslin não usou meias palavras. Foi direto ao ponto: "Não estou falando de alguns colchões queimados. Refiro-me a crianças queimadas no Virtnã. Jamais conseguirei me conformar com a tendência desta sociedade capitalista ao fascismo".
Além dos atentados, os choques entre policiais e estudantes recrudesceram nas ruas de várias cidades da Alemanha.
Nesse clima de crescente tensão, o casal Baader-Ensslin foi condenado a três anos da prisão. Mas fugiram pouco mais de um ano depois e, na clandestinidade, fizeram contato com Meinhof e o grupo tornou-se ainda mais temido.
Em junho de 1968, apareceu pela primeira vez a denominação do grupo: Fração do Exército Vermelho. Para a opinião pública, os ativistas ficaram conhecidos como grupo Baader-Meinhof.
O terrorismo ganhou força no país e só foi acabar no final da década de 1990, quando a RAF deixou de existir.
Foram três décadas de violência, que pareciam não ter mais fim na Alemanha. E tudo começou em 1968...
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