O Brasil, como o restante do mundo,vivia um momento de contestação em 1968. Manifestações de protesto eram frequentes e a contestação ao regime militar foi se tornando cada vez mais explícita.
Foi nesse ano que a peça "Roda Viva", de Chico Buarque de Hollanda, foi montada pela primeira vez. Chico já era na época um ídolo consagrado da música e era tido como "bom moço". Mas a peça mostrou o oposto -- criou muita polêmica ao contar a história de um cantor que torna-se famoso e depois vê seu sucesso diminuir (qualquer semelhança com Chico Buarque não era mera coincidência).
A encenação da peça chocou o público. Os atores diziam muitos palavrões, havia cenas de nudez, referências pouco elogiosas à Igreja Católica. Era contestação a quase tudo. Foi um escândalo que chocou o público mais conservador, embora a peça fosse um sucesso de público.
Além de chocada, a direita resolveu agir. E a reação chegou ao ponto máximo quando um grupo de pessoas que se dizia do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) que assistia à peça subitamente se levantou de seus lugares, invadiu o palco, espancou atores e destruiu o cenário.
Não foisó. O grupo obrigou ainda atores como Marília Pera, que estava em início de carreira, e Rodrigo Santiago a saírem nus pela rua. Armados de revólveres e pedaços de madeira, os membros do CCC fizeram questão de deixar claro que agiriam com violência quando incomodados.
A peça foi montada depois em Porto Alegre, mas os artistas voltaram a ser agredidos e "Roda Viva" deixou de ser apresentada.
A reação violenta do CCCmostrou que a direita não estava passiva. Foi um sinal do que viria em dezembro: o AI-5, uma espécie de oficialização da ditadura, com restrições e proibições a quase tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário