O ditador Tito dialogou com estudantes depois do 1968 de Belgrado |
A onda de protestos que marcou 1968 não se restringiu em Paris. De fato, na antiga "cortina de ferro" (como se chamava o grupo de países sob o domínio da União Soviética) começaram a aparecer "filhotes" de movimentos como os de Praga, então capital da Checoslováquia. No dia de 2 de junho, foi a vez dos protestos na antiga Iugoslávia, em Belgrado (então capital do país).
Naquela noite, estudantes começaram a protestar contra a falta de ingressos para um show musical e o movimento se transformou em uma marcha de protesto contra o ensino e o governo até então onipotente do ditador Josip Tito. A polícia reprimiu as manifestações com violência e estudantes ficaram feridos.
A reação policial, no entanto, gerou ainda mais protestos e marchas tomaram as ruas de Belgrado, com os estudantes gritando palavras de ordem contra a corrupção do governo e pedindo liberdade. Resultado: mais repressão policial, dezenas de feridos e centenas de prisões.
O dia seguinte amanheceu com Belgrado em calma. Os jornais, sob férrea censura, deram pouca importância aos protestos. Mas o movimento continuou -- na Universidade de Belgrado, rebatizada pelos estudantes como "Universidade Karl Marx", dezenas de faixas exigiam desde reforma do ensino até liberdade de expressão. Os protestos se espalharam para outras cidades da Iugoslávia, como Sarajevo.
O ditador Josip Tito teve que dedicar uma semana de seu tempo para dialogar com as lideranças estudantis e ao final concordou em fazer mudanças na política educacional. O "Maio de 1968" mostrava seu lado também em outros países da Cortina de Ferro.
E em Paris, o Quartier Latin continuava fervendo com protestos dos estudantes e trabalhadores!
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