terça-feira, 9 de outubro de 2012

Caetano e Gil a até a então desconhecida Gal Costa



Como era de se esperar, o Tropicalismo apareceu para o Brasil em 1968, o ano diferente. Começou pela música, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e muitos mais.
era algo totalmente novo, mas também privilegiava o antigo. Em 1967 as músicas "Domingo no Parque", de Gil, e "Alegria, Alegria", de Caetano, mostraram no festival de música popular de TV Record um tipo de música diferente, em meio a uma disputa entre a música "engajada", de "esquerda", que protestava contra o regime militar e seus efeitos, e canções "despojadas", da Jovem Guarda, com Roberto e Erasmo Carlos.
As canções de Caetano e de Gil eram completamente diferentes dessas outras duas "escolas" musicais. Não eram "políticas" no sentido tradicional, de protesto, nem "ingênuas", de amores adolescentes, como a Jovem Guarda. A "nova" música, com Caetano e Gil à frente, tinha uma poesia diferente, de fragmentos, e uma música também diferente, brasileira mas com "ousadias" para a época, como o uso de guitarras elétricas.
Essa nova música, bela e estranha para a época, lançou o Tropicalismo, que ganharia o País em 1968, principalmente com o disco "Tropicália", que reuniu vários compositores e cantores, de Caetano e Gil a até a então desconhecida Gal Costa, passando pelo maestro Rogério Duprat.
Nunca se tinha visto nada igual, nem algo tão novo na música. Além da inovação, eram resgatadas músicas consideradas de "mau gosto", como "Coração de Mãe", sucesso anos antes na voz de Vicente Celestino, então considerado um cantor "brega". Era uma mistura de baião, rock, bolero, bossa nova...
A Tropicália era tudo e não era nada. Evitava rótulos. E os discos mais conhecidos do "movimento" foram sendo lançados com sucesso em 1968 como "Louvação", de Gil, e "Caetano Veloso".
Choveram críticas, dos todos os lados. Mas a Tropicália veio para ficar. Partindo da música, influenciou o cinema, o teatro, as artes plásticas.
Em 1968, para variar...
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Letra da canção Tropicália
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

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