O papa Paulo VI durante ato em Medellin |
Em 1968, no entanto, a mudança foi mais impactante.
Foi ali que ganhou força o que ficou conhecido como Teologia da Libertação que,
em sua essência, dava toda ênfase à “opção pelos pobres” e à defesa dos
oprimidos. Era uma mudança e tanto na América Latina,que até então convivia com
uma Igreja conservadora, ligada aos mais ricos. A Teologia da Libertação
colocou a Igreja “a serviço da transformação social” no continente. Essa
postura aproximou uma ala expressiva da Igreja de movimentos populares, em um
momento em que as ditaduras de direita prevaleciam na América Latina.
Como resultado, padres chegaram a se aproximar
da guerrilha urbana que surgiu em vários países latino-americanos como reação
às ditaduras. No Brasil, a repressão política teve nesses padres alguns de seus
maiores alvos. Vários deles foram presos, sofreram torturas.
A
semente de tudo isso foi lançada em Medellin, em 1968. A partir dali, sacerdotes
e freiras se aproximaram e, em muitos casos, ajudaram a formar movimentos
sociais que propunham mudanças em favor de maior igualdade social. Como
propuseram os bispos na conferência, a Igreja passou a ser “pobre e despojada
do poder, comprometida com a libertação de toda a humanidade e de cada ser
humano por inteiro”.
O texto das conclusões da Conferência de Medellin não deixava
dúvidas quanto à postura da Igreja no continente a partir de então: "O
Episcopado Latino-Americano não pode ficar indiferente ante as tremendas
injustiças sociais existentes na América Latina, que mantêm a maioria de nossos
povos numa dolorosa pobreza, que em muitos casos chega a ser miséria
humana."
Em um ano de mudanças como
nenhum outro (até então e desde então), Medellin mostrou que também a Igreja
Católica iniciava o que, na época, foi considerada uma revolução.
Mas era de se esperar algo
diferente em 1968?
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