sábado, 20 de outubro de 2012

Nem a Igreja escapou de 1968!


 O papa Paulo VI durante ato em Medellin

A Igreja Católica também viveu um momento de grande mudança em 1968, principalmente na América Latina. Naquele ano mágico foi realizada a Conferência de Medellin, na Colômbia. Seis anos antes, no Concílio do Vaticano, o papa Paulo VI já causara grande impacto com mudanças importantes na Igreja, propondo uma modernização e atuação mais próxima de todos os fiéis. A face mais visível dessa nova postura foi a celebração de missas na língua de cada país, e não mais em Latim, entre outras várias bem mais profundas, como a aproximação com outras religiões.

Em 1968, no entanto, a mudança foi mais impactante. Foi ali que ganhou força o que ficou conhecido como Teologia da Libertação que, em sua essência, dava toda ênfase à “opção pelos pobres” e à defesa dos oprimidos. Era uma mudança e tanto na América Latina,que até então convivia com uma Igreja conservadora, ligada aos mais ricos. A Teologia da Libertação colocou a Igreja “a serviço da transformação social” no continente. Essa postura aproximou uma ala expressiva da Igreja de movimentos populares, em um momento em que as ditaduras de direita prevaleciam na América Latina.

Como resultado, padres chegaram a se aproximar da guerrilha urbana que surgiu em vários países latino-americanos como reação às ditaduras. No Brasil, a repressão política teve nesses padres alguns de seus maiores alvos. Vários deles foram presos, sofreram torturas.

A semente de tudo isso foi lançada em Medellin, em 1968. A partir dali, sacerdotes e freiras se aproximaram e, em muitos casos, ajudaram a formar movimentos sociais que propunham mudanças em favor de maior igualdade social. Como propuseram os bispos na conferência, a Igreja passou a ser “pobre e despojada do poder, comprometida com a libertação de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro”.

O texto das conclusões da Conferência de Medellin não deixava dúvidas quanto à postura da Igreja no continente a partir de então: "O Episcopado Latino-Americano não pode ficar indiferente ante as tremendas injustiças sociais existentes na América Latina, que mantêm a maioria de nossos povos numa dolorosa pobreza, que em muitos casos chega a ser miséria humana." 

Em um ano de mudanças como nenhum outro (até então e desde então), Medellin mostrou que também a Igreja Católica iniciava o que, na época, foi considerada uma revolução.

Mas era de se esperar algo diferente em 1968?

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