Junho terminava em 1968 e no Brasil, como no restante do
mundo, o clima de tensão crescia. Os protestos estudantis incomodavam cada vez
mais o regime militar, principalmente depois da morte do estudante secundarista
Edson Luiz, em março, depois que policiais reprimiram com violência uma
manifestação estudantil. (veja post neste
blog).
Em junho, a tensão parecia ter chegado a seu ponto máximo
quando aconteceu a “Quarta-Feira Negra”, no dia 19, seguida dois dias depois
pela “Sexta-Feira Negra”. A violência da polícia contra manifestações
estudantis resultou em dezenas de feridos e muitas prisões na quarta-feira. Na
sexta, um confronto ainda mais violento com
a polícia resultou na morte de quatro estudantes. Outras 20 pessoas foram baleadas
e centenas ficaram feridas como resultado dos choques.
Na quarta-feira e logo depois, na sexta, a polícia usou a violência como nunca até
então. Desde a morte do estudante Edson Luiz três meses antes os protestos
cresceram e a reação dos estudantes também. Na “Quarta-Feira Sangrenta” pela
primeira vez policiais foram “recebidos “com pedras e coquetéis Molotov (uma
espécie de bomba de fabricação caseira) e em resposta aumentaram a violência na
repressão às manifestações. Os estudantes tentaram ocupar o prédio do
Ministério da Educação e Cultura e foram reprimidos pela polícia. O tumulto se
espalhou pelo Centro do Rio de Janeiro.
Como se não bastasse,dois dias depois os estudantes
organizaram uma passeata ainda maior, que teve como trágico balanço a morte de
quaro deles.
E para culminar, em um cenário de tanta violência, aconteceu
no dia 26 a “Passeata dos Cem Mil”, em que uma multidão calculada em 100 mil
pessoas fez a maior manifestação contra a violência policial e em protesto
contra o governo. Desta vez a manifestação contou com o apoio de um grande
grupo de artistas conhecidos, intelectuais, líderes sindicais...
Foi, enfim, uma “Semana Negra”. Que mostrou à opinião
pública, explicitamente,que a repressão seria para valer. E que culminou com o
Ato Institucional no. 5, que instaurou oficialmente a ditadura no Brasil e deu
início aos “anos de chumbo”.
Em 1968, como era de se esperar...
Manchete do Jornal do Brasil sobre a “Sexta-Feira Negra”
Nenhum comentário:
Postar um comentário